sábado, junho 26, 2004

Já te abandono, e reconheço ao mundo
que te inventei um dia por brinquedo.
De não te conhecer fiz o sentido
Que em memória nenhuma se contém;
Deixei que fossem falsas as palavras
e que feitas de chamas me adornassem,
tradicionais, as penas do pavão.
Sinto-me bem agora, um pouco triste
de te saber contente a uma esquina
qualquer, do antigo mundo humano;
medo, talvez, te foi de bom conselho.
Grandes nomes que dei ao que senti,
Soantes rimas em que amei, te deixo
Para que ninguém saiba o que menti.

[António Franco Alexandre]