A última tentação de Freitas
Sobre a composição (já revelada) do próximo governo de José Sócrates, não há muito a dizer, senão que já se esperava encontrar, independentemente dos cargos atribuídos, tais personagens neste governo. Apenas uma nota «em especial»: Freitas do Amaral será o próximo Ministro dos Negócios Estrangeiros.
Que Freitas não era de Direita já todos sabíamos, aliás, sempre soubemos, apesar da tendência, do CDS, em apelar ao eleitorado mais conservador. Mas que este daria uma volta tão grande e tão ampla ao leque partidário em busca de poder e projecção pública e pessoal, nada fazia prever. Agora acredito, piamente, no que afirmei há poucos meses: Freitas é um político sem escrúpulos, sempre em busca de «veículos políticos», sejam eles quais forem. Antes foi o CDS para chegar ao Governo, há tempos juntou-se a Louçã para «marchas» e iniciativas públicas, agora é o PS para voltar a um Governo, e desta vez para ficar, em tempos de menor turbulência e de mais consciência democrática. CDS, BE, PS. Que aventura se seguirá? Qual é a próxima carta na manga do Dr. Freitas do Amaral?
O pouco de respeito político (pela «pessoa política», já que a importância do senhor no meio judicial é inegável, e não conheço a «pessoa») que tinha pelo Dr. Freitas do Amaral, se é que ainda o tinha, extinguiu-se. Não posso sentir nada senão aversão a alguém que defendeu, com «isenção» e «independência», a necessidade e importância de atribuir uma maioria absoluta ao PS, e agora surge num lugar de destaque no mesmo governo, que acabou por ser eleito. O Dr. Freitas do Amaral devia ter vergonha ou, no mínimo, respeito para com aqueles que votaram, em tempos, no seu CDS - antigos eleitores que, hoje, vão dormir mal...
[João Silva]
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