Beleza na televisão
Vejo uma jovem actriz num programa televisivo dedicado às grandes estrelas da «sociedade». Quebrando a tradição, decido ouvi-la. Afinal, «a rapariga até está a chapinhar numa piscina!». Merece ser ouvida. Ouço, então, as vivências, experiências e confissões da jovem actriz. A determinado momento, a jovem actriz parte para as afirmações. A actriz afirma, entre outras coisas, que o seu sonho era «ir para aqueles países exóticos lutar pela causa dos animais desprotegidos». Fico contente, não pelo facto de a jovem actriz ter revelado tudo aquilo que é, ou seja, um cabelo oxigenado e um bonito par de seios, mas por a jovem rapariga ter confessado que tem sonhos. Apesar de estar deitada na piscina a beber um sumo «especial», a rapariga sonha. A rapariga, para além de decorar todos aqueles guiões complicados, característicos da ficção (trágica) nacional, e de se deleitar numa piscina de hotel, sonha com os pobres animais e, quem sabe, com os fracos e oprimidos. É de louvar. Mas, pensando melhor, será que há aqui dedo de António Guterres? Ou será que, seguindo os passos dessa grande humanista («gosta de pessoas e dos bichinhos em geral») que é Angelina Jolie, o mundo feminino não-pensante se fartou de anos e anos de humilhação e incompreensão? Não sei.
[Paulo Ferreira]
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