sexta-feira, setembro 16, 2005

Melindre

Certo homem gostava de dizer que a sua vida era melindrosa. Certa mulher detestava que a vida do homem fosse melindrosa. Outra mulher sorria à noitinha, alheia aos encontros que faziam da vida do homem um negócio melindroso. A outra mulher recebia o sexo do homem clandestinamente, enquanto esquecia a palavra «melindroso». O homem, no entanto, na sua cabeça, enquanto se esforçava, ia fazendo novas variações com a sua palavra favorita.

[João Silva]