domingo, janeiro 01, 2006

Não quero ser teletubbie

Ao contrário de alguns amigos meus, nunca deixei que a minha infância fosse dominada pelos execráveis teletubbies. Porquê? Essencialmente, por excesso de zelo. Nunca gostei muito da ideia de uma televisão feita para ensinar, nem sequer da ideia de uma televisão feita para alertar consciências. Na minha opinião, a televisão deveria servir unicamente para distrair, entreter, divertir, ou, na melhor das hipóteses, para aborrecer. Tudo o que seja projecto televisivo com pretensões de educar é, para mim, nefasto para as consciências individuais daqueles que deveriam remeter-se para a aprendizagem escolar e/ou familiar. Mas, peguemos no exemplo dos teletubbies.

Os teletubbies eram uns amiguinhos que pregavam a bondade pelas paróquias. Os teletubbies gostavam muito uns dos outros. Muito, muito. Os teletubbies eram a bondade em boneco. Os teletubbies falavam com vozes irritantemente finas e passeavam-se muito pelas verduras do campo. Ou seja, os teletubbies eram tudo aquilo que as crianças deveriam ser. Todas. Porém, e se um dos teletubbies fosse homossexual? Sim, e se aquele teletubbie que, por um motivo ou por outro, se mostrava mais efeminado fosse mesmo homossexual? O que seria da educação das crianças? Pois bem, não querendo ser o excelso João César das Neves, diria que a educação das crianças seria um lixo. Não é que a homossexualidade seja um poema (e, de facto, não é), no entanto, pregar a bondade com laivos amaricados não é pregar aquela patetice a que muitos chamam de open mind. Não, é pregar valores que, à partida, não fazem parte da cultura primária humana. Quer se queira quer não, a Humanidade não nasceu com disposição para praticar o bem nem para estimar os valores homossexuais. Seria, por exemplo, mais lógico que as pobres crianças, em vez de serem expostas à humilhação de assistir aos teletubbies, fossem, desde logo, obrigadas a ler Ernst Jünger ou a ver o excelentíssimo Songoku. Porquê? Porque o Homem não é bom nem nunca o será.

[Paulo Ferreira]