segunda-feira, julho 05, 2004

A ditadura cunhalista

Cunhal é, para o exército comunista português, um símbolo. Mais, é uma deidade viva, caminhando entre eles. Salazar fora um ditador. Cunhal, um pouco mais novo, queria sê-lo também. Para tal, enquanto não subia ao poder ou se abriam perspectivas de isso acontecer, ía aplicando o sistema ditatorial no seu próprio partido (sim, o partido, sensivelmente na década de 40, já era dele). O historiador Rui Ramos fala, mesmo, da existência de «duas ditaduras» em Portugal durante o Estado Novo: a de Salazar de um lado, a de Cunhal do outro. Quem viveu naquela altura concorda com isto: para derrubar uma ditadura, tinha de se pertencer a outra. E assim cresceu o PCP.

[João Silva]