Territórios de Jardim
Alberto João Jardim acaba de ganhar, mais uma vez, as eleições na Madeira. Nada menos surpreendente, se se tiver em conta que o populismo combina sempre bem com o eleitorado.
O populismo de alguns políticos, tais como Alberto João Jardim, nem sempre é coincidente com os interesses do «povo». Muitas vezes, esse populismo é apenas a forma mais fácil de ganhar eleições. Nada mais fácil que apresentar «uma Madeira desenvolvida» e «distante das confusões do Continente» para ganhar eleições. Porém, quando esse desenvolvimento e essa harmonia são suportadas por casos desconhecidos de corrupção, silenciamentos constantes de partidos da oposição e da pouca imprensa que se opõe, o caso ganha contornos preocupantes. A democracia, garante dos direitos civis, fica em risco, e a propensão para a adoração do líder carismático torna-se maior. Em suma, a Madeira, território conquistado por João Jardim, representa ,mais um, daqueles casos-limite em que não se sabe bem onde acaba a democracia e começa a ditadura.
Ontem, o meu amigo Bruno Alves disse e bem que «o que se passa na Madeira não é um exemplo de uma aberração. É um exemplo da fragilidade da democracia. E perceber isto é o primeiro passo para manter uma democracia saudável... ». Porém, não posso concordar com ele quando, a propósito da vitória de João Jardim, refere:«Espantam-se as boas consciências, e preocupam-se os líderes do PSD. Quanto a estes últimos, percebe-se. Ter que lidar com o senhor da Madeira, e pior, ter que lidar com as (justificadas) reacções às habituais e inqualificáveis declarações do dito, deve ter tirado muitas horas de sono a qualquer um que tenha passado pela liderança daquele partido.» Pelo menos, não posso concordar com ele enquanto existirem governantes que façam elogios a Jardim. A concordar, teria que possuir uma visão populista da coisa. E, isso, felizmente, não tenho (nem ele).
[Paulo Ferreira]
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