terça-feira, novembro 23, 2004

Buongiorno, Notte de Marco Bellocchio

Bom Dia, Noite.
A 16 de Março de 1978, Aldo Moro, presidente dos Cristãos Democratas, é raptado pelas Brigadas Vermelhas.
O filme perpassa os quase 2 meses de cativeiro de Moro. Sem trama adicional de relevo, excepto o constante pulsar de consciência de Chiara, uma das raptoras, o filme diz pouco. Mas, é um diz pouco que, ao mesmo tempo, diz muito.
O filme, devo dizer, é algo monótono (ou seria o meu cansaço pessoal do dia?), mas contêm momentos de pura excepcionalidade. Nomeadamente, os diálogos de Moro com um dos seus captores, onde por um lado Deus e Jesus são as crenças dominantes e do outro Marx e Lenine mostram a sua mais crua face. Outro dos momentos mais fascinastes é, como já disse, os devaneios morais de Chiara, a qual demonstra a sua insatisfação com o plano de assassínio do senhor Moro, bem como, o drama pessoal vivido por Moro durante o tempo de cativeiro.
Deste filme, muito se pode extrair, mas penso que é de realçar em particular as semelhanças entre o fascismo, o qual é inserido através de flashbacks, e o comunismo. A irracionalidade, a ignorância e a estupidez de um, em nada retira ao outro e pode-se facilmente comprovar que quer o fascismo, quer o comunismo são apenas faces de uma mesma moeda.
Aldo Moro é assassinado a 9 de Maio de 1978.

[Tiago Baltazar]