A opacidade de uma vida
É complicado verificar que o Mundo se rende à venda das emoções e de uma determinada perspectiva nas televisões e na imprensa.
Tal como Kadhafi, Arafat não teve qualquer evolução, mas sim uma evolução da situação internacional e dos interesses daí decorrentes, como a criação de uma imagem pessoal quase messiânica (que quis passar para a opinião pública do Ocidente). Mentiroso, cultor do ódio, pró-terrorista, foi um entrave às já de si fracas estruturas diplomáticas visando a paz, durante as Presidências de Clinton.
Não esquecer que, com um ser humano, morreu também uma figura sombria. Chorar um «herói da paz universal» que dedicou uma vida, não à salvação de um povo (palestiniano), mas à quase extinção de outro (Israel), é contraditório. E essa inversão de valores, da «nossa» parte, é, sim, digna de pena.
[João Silva]
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