Lisura na Europa
Há uns meses atrás, quando alguma mente, mais descuidada, se lembrava de referir, por algum acaso, o presidente americano, George W. Bush, a unanimidade esgotava-se em risotas boçais. Hoje, passa-se exactamente a mesma coisa. Fala-se em Bush e a multidão perde-se em sorrisos. Bush vem à Europa e a multidão pensa que o homem vem pedir perdão, ou desculpas, aos seus poderosos «parceiros» europeus. Ou seja, passam-se os meses e a Europa continua fechada dentro da sua bolha antiamericana, sem perceber que, afinal, Bush poderia não estar tão errado quanto se pensava sobre coisas tão complexas como a liberdade individual. É, de igual modo, por não perceber que as coisas vão melhorando no Iraque, no Afeganistão, etc., que a Europa continua agarrada às armas de destruição maciça e aos, inevitáveis, soldados e jornalistas mortos.
Como refere Luciano Amaral, no DN, « Enquanto continuam a recensear os "bushismos" do imperador maníaco, os europeus não repararam na substância intelectual do seu discurso de tomada de posse. Um discurso onde ecoou a tradição filosófica do "direito natural, a qual remonta ao republicanismo democrático da Antiguidade Clássica e passa pelo seu equivalente moderno, presente em Maquiavel, Locke, Montesquieu ou nos próprios "Pais Fundadores" da república americana.
Um dicurso que nenhum líder europeu, refém do humanismo simplório que por cá vigora, seria capaz de conceber. E um discurso que oferece uma perspectiva simultaneamente radical e realista de transformação do Médio Oriente e, consequentemente, do mundo islâmico e, logo, de todo o mundo. Os europeus não o perceberam e, por isso, não percebem o que se está a passar.»
[Paulo Ferreira]
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