segunda-feira, julho 11, 2005

A summer school portuguesa

A summer school portuguesa é o retrato perfeito do nosso do ensino universitário. A summer school portuguesa - ao contrário das summer schools que se vão realizando um pouco por todo o mundo - não é um sítio para aprender. Na summer school portuguesa paga-se entre 190€ e 600 € para assistir (e friso o "assistir") a 3 ou 4 dias de alucinantes conferências e de discursos monologados. Na summer school portuguesa não há avaliações, intervenção dos alunos, debate - há «diplomas de participação». A summer school portuguesa chega muitas vezes a não dar destaque ao mestre, ao professor, ao orador que convida porque é (mais ou menos assumidamente) uma feira das vaidades onde se pavoneiam diplomatas, ministros, presidentes de institutos públicos e wannabes do meio académico. À summer school portuguesa - que não passa, afinal, de mesa redonda de verão - não basta ser curso de verão ou seminário de verão: há que incluir um pomposo subtítulo em inglês logo a seguir à designação de summer school. A summer school portuguesa não cria, não ensina e não promove o verdadeiro conhecimento, aquele que está para além dos discursos de ocasião, das palavras bonitas, das frases feitas e das verdades lapalicianas. A summer school portuguesa revela microcosmicamente os defeitos da nossa Academia, mesmo quando tem professores de Harvard, Georgetown ou Oxford entre os seus chairmans e discussants. A summer schoool portuguesa exige dark suit em vez de vontade de aprender. A summer school portuguesa é uma merda.

[Bernardo Sousa de Macedo]