segunda-feira, dezembro 19, 2005

Finuras

Finuras entrou dançando para dentro da carruagem do Metro. A camisa de cavas, o boné, o fio ao pescoço e a vida no bolso denunciaram-no imediatamente. A forma como andava era a sua mensagem lapidar ao mundo: eu vivo. Infelizmente, outra das suas virtudes era ver muito mal. Andava de forma genial, mas via muito mal. Talvez fosse essa a razão pela qual Finuras fazia um grande esforço (embora dissimulado) para se ver ao espelho no vidro da porta do metro. Talvez também, por isso, não tenha reparado que, ao transmitir todas as suas energias para as mamas num gesto de enorme vitalidade, dava a conhecer às pessoas do lado de fora da porta uma nova personagem. Algumas pessoas não podem ser classificadas com siglas, precisam de ter nome. Finuras chegara a Lisboa.

[João Silva]