O caso da bandeira escondida
A bandeira portuguesa chegou para ficar colada na janela poeirenta de cada português. Até portugueses que eu muito estimo caíram na tentação de ter duas ou três bandeiras de três tostões em cada divisão da sua casa. Se uns confessam serem muito nacionalistas, outros inventam as mais miríficas desculpas para explicar a situação. A mais recente desculpa que ouvi foi: “ está ali para tapar o vazio provocado pela ausência da televisão”.
Contudo, o fervor nacionalista que parece ter contagiado meio Portugal, só pode ser compreendido se se aceitar de uma vez por todas que o futebol é a grande forma que o povo (e não só) arranjou para conseguir escapar à pequena poça de lama que é este país. De facto, o indivíduo português comum não se congratula por viver num país ingovernável, no qual o próprio primeiro-ministro é o primeiro a dar sinais de fuga. Não sejamos ingénuos.
A bandeira portuguesa, associada ao futebol, representa uma necessidade urgente de sonhar. Uma necessidade que os portugueses sentem de se sentirem bons em alguma coisa. Nem que seja apenas no futebol. Mas, isso não significa que os portugueses tenham orgulho de Portugal. Se significa, já perderam a esperança e limitam-se a rezar pelos golos do paralítico Pauleta.
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