Amortalhado na bagagem
Francisco Louçã, líder do Bloco de Esquerda, revela, na edição de hoje da “Grande Reportagem”, o grande prazer que sente em viajar. Acho muito bem. Afinal de contas, todos nós gostamos de viajar. Porém, o interesse de Francisco Louçã torna-se muito peculiar, a partir do momento em que o próprio refere: “Aos 16 anos, já em 1971, fui a França, para sentir o que ficara do Maio de 68; em Paris, com um pequeno grupo de amigos, quis acompanhar aquele movimento contra a guerra do Vietname, e toda a luta cultural da época.” Mais à frente, Louçã revela a sua facilidade em fazer amigos: “(...) em 1978, aos 22 anos, fui ao Brasil, e conheci o Lula, tinha ele acabado de sair da prisão(...).
Bem, a verdade é que Louçã poderia apresentar-se como o herói de muitas gerações vindouras. Admirado pelas suas atitudes, pelas suas viagens, pelo seu estilo prepotente, e por muitas outras coisas, Louçã representa para muitos imberbes o que Kurt Cobain representou para mim, na infância. Isto é, representa a rebeldia ignorante, que se está nas tintas para qualquer tipo de inteligência. Representa o poder jovem, o poder herdeiro de 68. Enfim, representa o lado negro da juventude.
[Paulo Rodrigues]
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