A União pluralista
Muito afastados da Europa devem estar os que culpam George W.Bush pela divisão europeia. Tão afastados que nem sabem que a União Europeia não precisa de ajuda externa para se dividir.
Rocco Buttiglione, Neelie Kroes, Lászlo Kovács, entre outros candidatos a comissários europeus, podem até defender valores que o vasto mundo progressista repudia. Porém, nenhum desses valores impede que políticos como, por exemplo, Buttiglione, defensor acérrimo do catolicismo, realizem um bom trabalho ao serviço da Comissão e, por conseguinte, da União Europeia. Aliás, opiniões não exprimem políticas. No entanto, parte dos membros que compõem o Parlamento Europeu (instituição que tem poder para aprovar ou reprovar a composição da Comissão Europeia, através de uma votação parlamentar) não pensa da mesma maneira.
Ao que parece, a esquerda está profundamente chocada com a escolha de alguns dos nomes que Durão Barroso escolheu. A título de exemplo, Graham Watson, Presidente dos Liberais, preocupado com o futuro das liberdades cívicas na Europa, afirmou há uns dias que Buttiglione deveria retirar-se. Muitos outros políticos, tais como a extraordinária Ilda Figueiredo, que parece nunca ter lido um livro com mais de dez páginas, e António Costa, um político menor, também se demonstraram procupados com a situação. Todavia, tudo isto parece não passar de puro facciosismo. É verdade. Puro facciosismo. Pelo menos, se se tiver em conta que nunca houve tanta contestação, por parte da esquerda, à Comissão liderada por Romano Prodi ( Comissão essa muito suspeita), se se tiver em conta que a possibilidade de corrupção já foi uma realidade quase não contestada pelos que a temem agora.
Quem fica a perder com toda esta confusão é a própria União.
[Paulo Ferreira]
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