A Costa dos Murmúrios de Margarida Cardoso
Fui ver A Costa dos Murmúrios de Margarida Cardoso, baseado no livro homónimo de Lídia Jorge. Antes de tudo devo dizer que nunca li o livro de Lídia Jorge e portanto não me posso pronunciar na relação filme/livro, mas na minha experiência pessoal posso afirmar que, normalmente, algo se costuma perder nas adaptações cinematográficas, existindo poucas mas algumas excepções, no entanto. E relativamente a este filme espero que algo se tenha perdido porque senão o livro não valerá o papel impresso. Mas enfim, essa discussão deixo a outros.
Quanto ao filme, bom, que dizer? Durante o filme algumas palavras me vieram à mente enquanto, já após a primeira meia hora, me ia contorcendo no assento. Filme parado. Filme pausado. Enfim, qualquer palavra sinónima de falta de movimento. A Costa dos Murmúrios é um filme estático que se perde no aborrecimento.
A história é fraca. Muito fraca. Algo que já se viu em todos os lados. A única excepção é que esta se passa em Moçambique em plena guerra colonial. Convenhamos, nem sequer é uma boa caracterização desse tempo, ou dessa guerra, já que todo o filme gira em torno de uma personagem que nunca sai da cidade e raramente vai aos subúrbios negros.
Quanto a essa personagem, ela é interpretada por Beatriz Batarda, à qual me é devido dar uma nota de elogio. Se existe algo que salva o filme é realmente esta actriz. A sua presença em cena é extraordinária. E nem o facto de ter o papel central a intimidou.
O filme é estético, plenamente, à boa escola portuguesa, na qual Manuel de Oliveira é o seu mestre. Muito feito à base de sombras e cor e diálogos vãos e fugazes. Mas, como em muitos filmes estéticos portugueses não existe história. E estética sem história não faz um bom filme.
Afinal, parece um sindroma português, o de demorar duas horas para contar uma história que muito bem se conta em uma hora. Será mau isso? Não o sei. Mas que é chato, é.
[Tiago Baltazar]
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