Mais e Menos de 2004
Os 3 pontos MAIS de 2004:
1- A vitória de Gorge W. Bush em Novembro deste ano. O Presidente republicano começou o ano ridicularizado e enquadrado em caricaturas de todo o género. Acabou o ano no «topo do mundo», respeitado por muitos que menorizavam a sua capacidade de liderar um país. Os grandes líderes nascem da discórdia. Churchill e Reagan são duas figuras lendárias, mas Bush não lhes ficará atrás, pois tem, à sua frente, mais 4 anos de luta contra o terrorismo, cabendo-lhe a linha da frente enquanto a Europa assiste incrédula. Triunfou, sobretudo, a vontade de ganhar um combate contra a barbárie, que não acabará por si mesmo, e de não virar a cara à luta contra o terrorismo.
2- A queda dos últimos espectros da União Soviética a Leste. A nuvem negra da póstuma URSS/CEI parecia dissipada de vez, mas não estava, nem está. O nacionalismo regionalista pseudo-independentista caminhava lado-a-lado com os afiliados «soviéticos», num ombrear que não trazia virtudes à Europa do Leste. Começaram a cair os «velhos regimes» e a surgir figuras com vontade de pôr uma pedra no assunto, de vez. E mais, a Turquia, um farol para a nossa visão de um Próximo Oriente preferível, está noiva da UE. Vem aì a «Nova Europa».
3- Todos os blogues em Portugal e/ou de língua portuguesa. A imprensa pseudo-imparcial vai-se sensacionalizando, seguindo apenas as mentalidades comezinhas, assassinando o velho hábito de, isso sim, formar mentalidades. A blogosfera vai, pouco a pouco, usurpando o lugar de destaque na informação em Portugal, tanto nas primeiras impressões como nas grandes reflexões. Se exceptuarmos uma ou outra linha «editorial» da blogosfera, temos perante nós blogs de grande qualidade.
Os 3 pontos MENOS de 2004:
1- As politiquices orwellianas e o debate político em Portugal. As perspectivas de uma quase «ditadura dos caciques» em Portugal, da parte de qualquer partido que seja, são assustadoras. É a vitória da maquilhagem, tempo de antena e frases feitas como trunfos eleitorais. O político de campanha veio para ficar (ganhe quem ganhar em Fevereiro).
2- O terrorismo mundial. Os planos agora levam apenas algumas semanas a concretizar. As armas (use your imagination) de grande porte são, agora, quase invisíveis aos olhos das grandes potências mundiais. A ilegitimidade do «mercado negro» do armamento dissolveu-se no interior de uma rede internacional de organizações terroristas que, apesar de especificidades nacionais e culturais, confirmaram a sua direcção global: o fim da civilização tal como a conhecemos. Os raptos de inocentes, as decapitações ao vivo, os massacres étnicos, o pan-arabismo doentio e anti-judaico, as bombas em carros são apenas algumas das grandes estratégias terroristas que, depois do 11 de Setembro, abriram um inimaginável e assombroso leque de possibilidades.
3- O maremoto ao largo da Indonésia, que arrasou as zonas costeiras da região. As catástrofes naturais parecem longínquas para nós, mas não são. O nosso superior estado técnico e cultural não nos protege da sempre poderosa Natureza. A tragédia, no entanto, desta vez, foi atribuída a uma das regiões mais pobres do Mundo. A miséria em que a esmagadora maioria já vivia revelou-se insuficiente para confirmar o seu destino. A Natureza mostrou, uma vez mais, que não escolhe datas nem locais convenientes.
[João Silva]
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