Da imprensa
“Apesar de estar a cair aos trambolhões, o governo anuncia mais um dos seus planos para reformar a educação. Desta feita, promete introduzir o inglês no ensino obrigatório a partir dos oito anos de idade. Os socialistas já disseram que sim. Na expectativa de alargamento de emprego, os professores também. Muito bem. É como na Europa, dizem todos. E por que não física nuclear, cristalografia e antropologia? O nosso sistema de ensino não é capaz de ensinar decentemente matemática ou física, nem sequer português. Também não consegue obter médias mínimas aceitáveis nos exames do secundário, nem organizar os doze anos de escolaridade. E é incapaz de trazer para as escolas as artes ou a música. Mas quando cheira a modernidade... Nem que seja só no papel, nas leis e na propaganda. Talvez, afinal de contas, não seja algo assim de tão diferente!
Certo é que, com o inglês, tudo será mais fácil. Com a ajuda da televisão, do cinema, da Internet e da música “pop”, os alunos portugueses vão revelar insuspeitos talentos. Proponho mesmo que se vá um pouco mais depressa. Que o inglês seja obrigatório a partir dos seis anos ou do jardim-escola. E português, só aos oito, como primeira língua estrangeira. Optativa, está de ver!"
António Barreto, “Público”
[Paulo Ferreira]
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