Quarenta minutos
Quarenta minutos, foi o tempo que aguentei a ver o “Jornal Nacional” da TVI. Durante esses quarenta minutos, só tive aceso a uma única notícia que, por sinal, já há meia dúzia de horas deixara de ser notícia para ser novela. Se não me engano, essa notícia a que tive acesso informava os telespectadores sobre um trágico terramoto, ocorrido no sudeste asiático (ou seria sobre o trágico desaparecimento de um bebé durante o terramoto?).
A minha principal causa de espanto, durante os já referidos quarenta minutos, para além da habitual exploração ao máximo da dor humana, foram os próprios quarenta minutos. Bem sei que a TVI tem os seus próprios investidores e que , por conseguinte, tem uma forma de fazer televisão independente das necessidades públicas. No entanto, não deixa de ser deprimente assistir a um telejornal que renuncia aos mais básicos valores morais para ganhar dinheiro e audiências. Para ser mais deprimente, só faltava a presença de um jornalista que fizesse, em directo, a seguinte pergunta a um daqueles seres destroçados pelo terramoto: “Agora que perdeu a sua família e os seus amigos, diga-me lá como se sente?”. Para ser ainda mais deprimente , só faltava aparecer um jogador de futebol a seguir à tragédia.
[Paulo Ferreira]
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