sexta-feira, dezembro 24, 2004

Sublimada

Um velho livro na estante, cansado de acumular pó. Não gostavas de ler.

O nosso amor. O meu amor. Por ti. A tua amizade. Por mim. Não me amavas.

As intragáveis refeições que partilhávamos, como se estivéssemos a beber veneno pelo mesmo copo. Andavas com a mania do progressismo.

O céu. Aquele céu, indescritível, que nos resguardava das intempéries nos dias de mau humor. Quem te tirasse as tardes azuis, tirava-te tudo.

O medo. De te perder. De me perder. Em ti. Em mim.

[Paulo Ferreira]