quarta-feira, dezembro 22, 2004

Anna Akhmátova

A porta entreaberta,
como cheiram as tílias.
O pingalim, a luva
na mesa esquecidos.

A luz, rodela triste...
A noite a restolhar.
E porque te partiste?
Para mim não é claro...

Amanhã será alegre
e clara a madrugada
Como esta vida é bela,
ó meu coração, calma.

Cansado, e te senti
tão surdas as pancadas.
Mas ouve o que eu li:
Nunca morrem as almas.

Anna Akhmátova (1911)

tradução de Nina Guerra e Filipe Guerra

[Tiago Baltazar]