Hipocrisia
Hoje, ao meio-dia de Portugal, celebrou-se três minutos de silêncio para com as vítimas do terramoto que assolou diversos países asiáticos. Ora, estes três minutos foram, só e apenas, uma demonstração de três minutos de profunda hipocrisia.
Mas será que alguém pensa que estes três minutos ajudaram alguma vítima da tragédia? Salvou-se alguma alma? Não. Não se salvou ninguém. Mas, com estes três minutos, já todos nós podemos rumar a casa com um sentido de dever feito. Pois era nosso dever lamentarmo-nos pela nossa sorte, de espiar o nosso pecado de não ter estado lá, como se fosse culpa nossa, de quem diz “eu também lá devia ter estado e sofrido como aquelas pessoas”. Mentira. Ninguém devia ou quereria ter estado lá. Ninguém tem uma pena solene, de santo quase, por aqueles milhares de desconhecidos que nós nunca sequer imaginamos que pudessem existir e para todos os efeitos continuam a não existir no nosso imaginário. Existe a estatística, nada mais.
Mas agora, três minutos passados, sentimo-nos melhor connosco próprios, como quem diz “já fiz a minha parte. Sou uma boa pessoa”.
Querem ajudar? Querem mesmo ajudar? Então adoptem as centenas de crianças que ficaram sem pais. Ajudem a cruz vermelha a realizar o seu trabalho. Ajudem a posterior reconstrução com materiais, comida, roupa e objectos diversos. Isso é ajudar os outros.
Tudo o resto é ajudarmo-nos a nós próprios a sentirmo-nos bem connosco mesmo.
Mas será que alguém pensa que estes três minutos ajudaram alguma vítima da tragédia? Salvou-se alguma alma? Não. Não se salvou ninguém. Mas, com estes três minutos, já todos nós podemos rumar a casa com um sentido de dever feito. Pois era nosso dever lamentarmo-nos pela nossa sorte, de espiar o nosso pecado de não ter estado lá, como se fosse culpa nossa, de quem diz “eu também lá devia ter estado e sofrido como aquelas pessoas”. Mentira. Ninguém devia ou quereria ter estado lá. Ninguém tem uma pena solene, de santo quase, por aqueles milhares de desconhecidos que nós nunca sequer imaginamos que pudessem existir e para todos os efeitos continuam a não existir no nosso imaginário. Existe a estatística, nada mais.
Mas agora, três minutos passados, sentimo-nos melhor connosco próprios, como quem diz “já fiz a minha parte. Sou uma boa pessoa”.
Querem ajudar? Querem mesmo ajudar? Então adoptem as centenas de crianças que ficaram sem pais. Ajudem a cruz vermelha a realizar o seu trabalho. Ajudem a posterior reconstrução com materiais, comida, roupa e objectos diversos. Isso é ajudar os outros.
Tudo o resto é ajudarmo-nos a nós próprios a sentirmo-nos bem connosco mesmo.
[Tiago Baltazar]
<< Home