Paulo Portas
Paulo Portas demite-se da liderança do CDS, dizendo que quatro dos seus objectivos falharam. É verdade, falharam. Mas talvez seja também verdade que esses objectivos falharam porque eram demasiado audaciosos para um partido com o historial do CDS .
Desde logo, uma taxa de 7.3 % de votos consegue ser superior a muitas percentagens que o CDS atingiu em anos anteriores. Além disso, a descida do partido de Paulo Portas, pouco substancial, note-se, em relação às últimas eleições legislativas deve-se, em grande parte, às governações catastróficas de Durão Barroso e de Santana Lopes. O CDS, sem comprometer, ficou sempre conotado com a sua ligação ao funesto PSD, o que não quer dizer que não tenham ambos os partidos que dividir responsabilidades pelos “maus” resultados que obtiveram. Ora, Portas ao aceitar a estrondosa derrota do PSD como uma derrota do CDS erra, já que esse mesmo CDS, apesar de tudo o que se passou nos últimos três anos, consegue manter a base eleitoral que tinha conseguido “arrancar” à esquerda há três anos atrás. Esse é um dado importante, pois permite concluir que, daqui a quatro anos, Paulo Portas poderia conseguir chegar aos, tão sonhados, 10% de votos. Pelo menos, se Sócrates continuar a revelar a sua falta de raciocínio durante estes próximos quatro anos e, também, se Jerónimo de Sousa não ficar afónico nos próximos debates.
Poderia, dado o que foi escrito acima, deixar uma palavra de simpatia para a despedida de Paulo Portas e dizer que o senhor foi um bom político. Porém, Portas, apesar de muito ter feito para revitalizar o CDS, não foi um bom político. Melhorou o seu partido, mas demonstrou ser possuidor de uma grave doença populista. Nada que seja estranho neste país sul-americano, mas não se pode desculpar um líder partidário por ser populista, só porque todos os outros líderes partidários o são.
[Paulo Ferreira]
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