Impossibilidade
Não posso reconstruir, com suor e argila,
os vasos quebrados,
não posso arrancar das minhas unhas o
nenúfar dos tanques,
o verde excessivo dos campos húmidos.
Não posso, com terna e doce voz,
edificar um novo cântico ou
uma nova casa sobre os escombros,
não posso beber o vinho,
nem desfolhar as rosas,
no profundo jardim dos amigos mortos.
Não me posso ver
nos espelhos malignos,
não posso recordar a dor de todos os
filhos perdidos, lançados ao mar.
Não posso viver.
-José Agostinho Baptista, Anjos Caídos
[João Silva]
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