A Guerra e o Homem
A guerra, como conflito físico, letal, entre nações, povos e «facções» tem o dom de chocar as mentalidades mais enraizadas (demasiado enraizadas e abstraídas da concepção de «animalidade do homem») à entrada do séc. XXI. Infelizmente para nós, a guerra não é algo que possa ser suprimido através da iluminação das mentes das gerações vindouras, e muito menos uma situação ultrapassável através da racionalidade. Infelizmente para nós, o conflito é, na maioria das vezes, a irónica tradução do encontro de duas ideias racionais que, por acaso, se opõem num mundo bem humano, onde a Guerra é expressão da própria avidez tão humana de movimento e vitórias. Ernst Jünger, «suspeito» para muitos, em A Guerra como Experiência Interior (do original Der Kampf als inneres Erlebnis, numa tradução bem expressiva de Armando Costa e Silva), tem, provavelmente, uma das atitudes mais úteis e sóbrias sobre a guerra e a forma de aceitá-la:
«(...) Esforço-me, neste livro, onde quero firmar a minha paz com a guerra, por a considerar como algo que sempre existiu, que existe em nós, por lhe retirar, por completo, a crosta de representações, para libertar a coisa em si. Sobre a guerra, contemplada assim, a partir do seu centro, só há um ponto de vista possível, é o ponto de vista mais viril.»
[João Silva]
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