quinta-feira, junho 30, 2005

Três

F., rapaz sempre apaixonado, era feliz. M., rapariga sempre infeliz, não era apaixonada. P., representação abstracta da espuma do mar, não era feliz, nem infeliz. Apenas era. Digamos que figuras como P., sem os óculos escuros, não existem. M., rapariga sempre infeliz, conhece P., mas P. não quer saber de M., porque P. é a espuma do mar e, como se sabe, a espuma do mar não se relaciona com seres humanos. Só com afogados e, neste caso, com óculos escuros. Mas, apesar da indiferença constante de P., M. fica apaixonada. F., sempre com o coração nas mãos,torna-se cada vez mais apaixonado, mas cada vez menos feliz. No fim, as três personagens tomam rumos diferentes: P. começa a trabalhar num bar (sonho de infância); M., sempre desiludida com as questões sentimentais, abraça o mundo das leis; por seu lado, F., rapaz apaixonado, torna-se corno profissional.

[Paulo Ferreira]