quarta-feira, agosto 10, 2005

Cinzas

Éramos novos e, por isso, tínhamos a noção de um perfeito autodomínio. Até as horas pareciam mais longas quando nós o queríamos. Nada poderia correr mal, e era nisto que acreditávamos.
Dos dois, era eu quem se atirava de cabeça, pensando em não pensar. Deixava para ti as decisões difíceis, aquelas que nada decidem quando um amor precisa de rumo. Aquelas que de nada valem quando damos por nós a procurar a infinitamente espelhada definição de amor.
Enfim, não pensávamos em divisão de tarefas e o cinzento juntava-nos em paz. Hoje nada resta. Apenas te espero para morrer.

[João Silva]