Tempo
Houve um tempo em que seria possível sussurrar-te a canção dos apaixonados ao ouvido. Houve um tempo em que o silêncio era apenas um conceito aplicável a indivíduos com carências livrescas. Houve um tempo em que o amor era um sentimento em constante devir. Houve um tempo em que a conjugação dos teus lábios com as tempestades violáceas formava a queda de um anjo dos céus. Houve um tempo em que o tempo não parava. Houve um tempo em que tu, sem me dares tempo de resposta, abandonaste aquele tempo de descrições sentimentais, deixando-me a sofrer a eterna agonia dos amantes desencontrados. Nesse tempo antigo, houve um homem que viveu tempos de felicidade. Nesse tempo, houve um homem que ficou preso ao tempo, sem saber o que fazer ao tempo.
[Paulo Ferreira]
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