Histeria
Se bem me recordo, Pedro Rolo Duarte dizia há uns dias atrás que não se exige a um governante que seja histérico. Compreende-se o argumento, já que, no nosso modesto país, a principal forma de governar é, actualmente, alcançada através da histeria. Se existem dúvidas em relação a esse facto inapelável, atente-se na personagem de José Sócrates, actual primeiro-ministro em funções. José Sócrates permanece muito tempo em silêncio, no entanto, quando fala, fala revoltado, quando não aos gritos. Com efeito, José Sócrates tem pose de Estado quando está calado. Quando abre a boca, não é poeta mas é histérico. Ou seja, o silêncio que, por vezes, envolve José Sócrates, em vez de ajudar ao pensamento, cria uma revolta avassaladora que, em momentos de crispação, levam à explosão e, por conseguinte, à indignação. O pior é que este ciclo, que parece aparentemente ligado apenas a um homem, é o principal modo de fazer política no nosso país. Dir-se-ia que estamos em presença do conhecido mito do eterno retorno, que leva a que uma simples discussão parlamentar esteja constantemente a requerer a aparição de uma expressão como «defesa da honra».
[Paulo Ferreira]
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