Space cowboys
Refere o caro amigo Bruno: «Ouvi, na SIC Notícias, pela voz da jornalista Susana André, que os EUA planeavam, para daqui a uns anos, uma nova ida humana à Lua, numa operação visando a preparação de uma ida a Marte. Disse a senhora jornalista que tal façanha dependeria de um vasta parte do orçamento federal, "numa altura em que todos os recursos são necessários" (estou a citar) na ajuda às vítimas do Katrina.» É um facto que, perante a desgraça televisiva, sentimos obrigação de «sermos todos americanos». E, sendo genuinamente americano, o natural é aprender de imediato a criticar o governo central. Mas a equação é mais complexa. Os jornalistas já não fazem só apontamentos de humor acerca do Presidente (seja Bush, seja Clinton) nem simples críticas às opções da Administração. E, na verdade, nem só os jornalistas enveredam por estas cruzadas verbais contra os EUA. O português «vulgar», sem acompanhamento televisivo, é muito mais expansivo: «aquilo é que vai para ali uma caldeirada, com as tropas do Bush (sic) a guardar as casas dos ricos». E, voltando ao post do Bruno, já houve quem se lembrasse, na altura do regresso de um satélite, do «acto desumano e troçista» que é ter um programa espacial, e uma consequente agenda, em horas negras, não só dos EUA, mas do Mundo. Escusado será alertar para o facto da NASA ser uma pioneira moderna da descoberta de novos recursos e «territórios», em nome de uma maioria de pessoas, e de haver divisões claras do orçamento. Nem os jornalistas nem os populares se importam com ninharias. Ou, como me respondeu um dia um conhecido: «esse Bush sabe muito. O Mundo é pobre, mas o Texas está sempre rico. E a NASA, sabe onde é que é? Sabe? Em Houston, no Texas. E agora? Que é que me diz a isto, amigo?».
[João Silva]
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