Um grande derrotado
Um dos grandes derrotados destas eleições autárquicas acaba por ser um senhor que nem se candidatava a nada. Refiro-me a Jorge Coelho, actual manda-chuva do Partido Socialista. À primeira vista, Jorge Coelho não parece exercer muito poder dentro do executivo de José Sócrates, o primeiro-ministro. No entanto, na minha modesta opinião, e pelo que se viu ao longo de toda a campanha que teve o seu término na sexta-feira passada, Jorge Coelho deve ser o homem que mais poder exerce, neste momento, dentro do Partido Socialista e, quiçá, dentro do próprio Governo. Quem esteve mais atento aos noticiários nacionais, saberá, com toda a certeza,que Jorge Coelho foi das figuras mais omnipresentes de toda a campanha. Mesmo em locais como Lisboa, Jorge Coelho não deixou de dar a sua entrega total aos candidatos socialistas.
As aparições de Jorge Coelho fizeram-se mais notar, como não poderia deixar de ser, na capital do país, onde existia um candidato que estava condenado à derrota muito antes de ser candidato. Com efeito, e apesar de Manuel Maria Carrilho não ter logrado muito com os preciosos conselhos e apelos de Jorge Coelho, a derrota do PS poderia ter sido muito mais abismal do que foi em Lisboa, se não tivesse havido uma omnipresença de Coelho.Para quem não se lembra, foi Jorge Coelho quem teve a, na altura, genial ideia de apelar aos bons sentimentos da apresentadora de televisão mais famosa do país, Bárbara Guimarães. Foi Jorge Coelho quem subscreveu a maior parte das iniciativas populistas tomadas por Carrilho. Foi Jorge Coelho quem disse a pulmões abertos que, por mais que chovesse, o PS amaria Bárbara Guimarães. E é por ter sido tão populista e tão omnipresente que Jorge Coelho sai muito mal destas eleições.
[Paulo Ferreira]
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