O vilão
Num estúdio de Hollywood discutiam-se, em reunião magna, os retoques finais a dar a uma história que ia ser filmada, quando alguém objectou ao facto de ser mexicano o vilão do enredo: estava-se em guerra, em plena Política da Boa Vizinhança, e o México - vizinho, bom amigo e aliado - podia melindrar-se. A que nação atribuí-lo, então? A discussão prolongou-se, até que uma inteligente secretária-dactilógrafa sugeriu que se consultasse o rol dos países compradores de filmes da empresa. Verificou-se que o quadragésimo e último freguês da lista era Portugal, pequeno mercado, e o vilão, com grande alívia para todos, virou português.
- José Rodrigues Miguéis, É Proibido Apontar
[João Silva]
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