Estranho mundo
Observando um sujeito que se aparenta com Denis Rodman na forma de vestir e com o excelso Michael Moore na forma de pensar, chego à conclusão que existem formas de vida muito estranhas. Não que, antes de observar esta estranha personagem, não tivesse conhecimento da existência de seres estranhos. Pelo contrário, é observando-me ao espelho que me apercebo do ridículo do meu mundo. O meu mundo é estranho. Eu sou estranho. Provavelmente, o mundo que me rodeia não será menos estranho. Ora, este ser aparentado com Rodman e com Moore apresenta-se a meus olhos como uma figura estranha, quase mais estranha que a maioria dos mortais que me rodeiam no dia a dia. Este ser, dir-se-ia, extraterrestre, por mais que tente ser normal, não consegue. Geralmente, as pessoas ditas «normais» vivem com milhões de deficiências e de problemas relacionados com a loucura. Porém, essas pessoas normais escondem as suas deficiências e os seus problemas. Porque temem o vexame e a humilhação. Temem que, se dessem liberdade à maior parte das suas loucuras, se vissem presas dentro de um hospício. Portanto, essas pessoas que se escondem são normais, precisamente porque se escondem. Já o ser extraterrestre, que tenho vindo a observar durante os dias, não esconde nada. Nada. Todo ele é loucura. Todo ele é demência. Todo ele é um riso louco que, a qualquer momento, pode ferir ou matar. Este ser é um indivíduo perigoso, mais para ele próprio do que para os outros, é certo, no entanto, nada me impede de pensar que um homem que se apaixona pela loucura a este ponto se pode tornar letal como uma bala, funesto como uma peste. A menos que indivíduos como este, que não temem o vexame nem a humilhação, não conheçam os padrões sociais que, segundo alguns, tornam toda esta balbúrdia numa sociedade estável. Quanto a mim, vou pelos Gregos. Vou pelo Pharmakos. Matemos os feios. Acabemos com a loucura. Comecem por mim.
[Paulo Ferreira]
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