Eterna correria
No café, vou digerindo a solidão. A tarde falece. Em meu redor, os progénitos dos jovens casais entregam-se às pequenas brincadeiras. O Mundo parece-lhes enorme nos pequenos espaços entre as mesas. O pai contrai a face perante os pedidos do filho, que lhe pede um capricho inaudível. A bola surge inesperadamente debaixo das cadeiras seguida pelas correrias dos irrequietos. Olho-os. Olho o pai. Sorrio para o meu café, e compreendo tudo. Somos o que fomos. Nada muda em nós depois da infância. Continuamos os mesmos miúdos inseguros, apenas corremos mais depressa atrás da bola.
[João Silva]
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