sexta-feira, agosto 27, 2004

Patton (II)



Poder-se-ia afirmar que George S. Patton Jr. decidira, desde muito cedo, que o seu objectivo seria um pouco diferente do objectivo de outros da sua geração. Enquanto outros almejavam sucesso e sonhavam com a glória do heroísmo, Patton tinha como objectivo a própria glória. Queria ser um herói, como os seus antepassados. E foi essa a principal da premissa da sua entrada na Primeira Guerra Mundial, fazendo-se já acompanhar de um currículo e de uma influência e respeito invejáveis. Já tinha estado em campanhas no México sob o comando do lendário General John J. Pershing, notabilizando-se em algumas acções ofensivas contra o «exército» de Pancho Villa.

No entanto, foi mesmo em França, na Primeira Guerra, que a sua capacidade de liderança mas, sobretudo, estratégica, veio à tona. Como comandante de uma das primeiras divisões blindadas (a primeira realmente estruturada e «institucionalizada»), conseguiu convencer toda a gente do papel fulcral que uma destas divisões tem. As suas acções culminaram na militarmente famosa operação de Meuse-Argonne, onde foi ferido numa perna e pela qual foi distinguido com uma das primeiras medalhas da sua «colecção», que, no final da sua vida, já era realmente interminável.

Patton era um defensor acérrimo da utilização «livre» (organizada) de veículos pesados e artilharia no campo de batalha. Sobretudo tanques. George, ao contrário de muitos oficiais saídos da tradição da Primeira Guerra Mundial tinha, não a confiança, mas a certeza da importância dos tanques em batalhas terrestres, agora que se caminhava para o teatro de operações de combate moderno. Mas foi apenas em 1940, durante a ofensiva alemã na Europa, que a teoria militar (ou doutrina) de Patton teve um maior impacto no seio do alto comando militar americano e, mais importante, do Congresso, que permitiu uma «abertura» no orçamento e, assim, possibilitou que se formasse uma das maiores forças ofensivas da História, estando, no entanto, resignada à posição de espectadora.

Essa posição inverter-se-ia em finais de 1941, quando, depois do ataque do Japão em Pearl Harbor, os Estados Unidos da América entraram na guerra ao lado dos Aliados. Os espectadores, então, passariam a ser maioritariamente os alemães, que viram o poderio ofensivo americano deitar por terra as pretensões alemãs. Um dos primeiros palcos atribuídos às forças norte-americanas foi o Norte de África, onde a Alemanha de Hitler viria a conhecer um dos mais terríveis espectáculos militares de sempre. O seu encenador: o general George S. Patton.

«In landing operations, retreat is impossible, to surrender is as ignoble as it is foolish… above all else remember that we as attackers have the initiative, we know exactly what we are going to do, while the enemy is ignorant of our intentions and can only parry our blows. We must retain this tremendous advantage by always attacking rapidly, ruthlessly, viciously, and without rest.»
-Gen. George S. Patton

[João Silva]