domingo, agosto 15, 2004

Verão familiar

Noite de Verão. As famílias juntam-se todas e rumam à Ericeira. Entre abraços e beijinhos, lá se avistam alguns adolescentes, cheios de brilhantina no cabelo e com pulseiras nos tornozelos. Tudo cheira a maresia, até os bigodes dos “yuppies” que por lá passam. As meninas, eternas conquistadoras, fazem lembrar as manas Olsen. Eu, sentindo-me terrivelmente alienado, faço um ar de escopeteiro e fujo para o sítio mas distante que encontro. Sento-me a observar o mar. Mas, apercebo-me de que o mar nada é ao pé do que se escreveu acerca dele (perdoe-se este pequeno plágio). Por conseguinte, decido olhar para a multidão distante. Reparo que ela caminha toda ao mesmo ritmo, ao mesmo passo. Não pensa. Respira. Vive ataroucada com as farturas numa mão e a carteira na outra. Porém, chego à conclusão que todas aquelas pessoas são felizes. Afinal de contas, não pensam. E, portanto, têm tudo o que é necessário para serem felizes.

[Paulo Rodrigues]