segunda-feira, outubro 25, 2004

A propósito de Rocco Buttiglione...

Recomenda-se a leitura deste artigo de Mário Pinto, no "Público". Aqui fica um pequeno excerto:

"(...) Sucede que partilho as convicções católicas de Rocco Buttiglione, e gostaria de saber se isso é um impedimento para o exercício de funções políticas governativas (em certas áreas... só por enquanto). Não que seja candidato, mas só para saber qual é o meu estatuto cívico. Isto é: a democracia do século XXI não excluiria ninguém, por delito de opinião, do exercício dos seus direitos políticos, excepto os católicos coerentes. Coerentes são os que livremente estão em união (de inteligência e de vontade) com a doutrina e a autoridade da Igreja - porque há muitos, e até padres, que fazem uma administração autónoma da doutrina e se importam pouco com os mistérios (isto... digo eu).
Neste terceiro milénio, o único crime de opinião seria então o de ser católico; e a pena correspondente a de exclusão de funções políticas por suspeito em matéria de direitos humanos. Nunca, na Europa ocidental do pós-guerra, nenhum comunista convicto das suas convicções marxistas-leninistas, as quais negavam o conceito ocidental dos direitos humanos como direitos universais, foi assim pública e internacionalmente julgado num fórum parlamentar como indigno de confiança política! Álvaro Cunhal (político sempre tão elogiado pela sua coerência), disse claramente a Portela Filho, numa célebre entrevista à revista "Opção" (nº 45), que ele via as situações de liberdade "com espírito de classe, não com critérios gerais e universais". Ora, jamais ouvi que por isso o ilustre comunista devesse ser impedido de ser ministro ou deputado. Buttiglione não disse nada que se parecesse."


[Paulo Ferreira]