Ribeiro e os patetas
Assisti ao primeiro «debate» entre Bush e Kerry. Na verdade, assisti, até, através da estação esquerdista da CNN. Mas, entre SIC Notícias (onde Nuno Rogeiro parecia asfixiado entre três afincados anti-Bush) e o dito canal, prevaleceu a CNN e a «versão original» e não-adulterada do debate. Ainda assim, sem filtros de linguagem, foi possível, realmente, aperceber-me de alguma brandura da parte de George W. Bush. No entanto, hoje de manhã, ao abrir o jornal Público, deparo-me, imediatamente, com os cabeçalhos escolhidos por Pedro Ribeiro: «Kerry venceu Bush mas faltou-lhe o "KO"»; «Visto do Upper East Side "Bush parecia um pateta!"» e, ainda, algumas frases que demonstram a clara posição do repórter Pedro Ribeiro. Como, por exemplo, quando realça as «gaffes» do Presidente Americano em toda uma página dedicada ao «teatro anti-Bush».
Não posso censurar Pedro Ribeiro pela sua posição definida. Não só acho que o jornalismo deve ser declaradamente «humano» e, portanto, com ódios e admirações, como compreendo que, vivendo nos EUA (Nova Iorque é a cidade menos americana e mais worldwide do país), Ribeiro tenha contacto directo com as mais variadas opiniões, mesmo que de leigos, acerca do Presidente e do candidato democrata. No entanto, o meu desagrado resume-se ao seguinte: porque insistem em fazê-lo «enviado especial», ou jornalista, ou repórter? Pedro Ribeiro merece uma coluna. Eduardo Prado Coelho tem uma. Porque não criar uma coluna especialmente para Pedro Ribeiro, à imagem da coluna Linhas Direitas do Diário de Notícias? Em vez disso, lá teremos, durante imenso tempo, o «repórter» espalhando mentira e opinião em páginas de reportagem no Público, como se estivesse fazendo graffitis em casas de banho.
[João Silva]
<< Home