sexta-feira, outubro 01, 2004

Sedentos de sangue

Napoleão Bonaparte foi, e continua a ser, um homem odiado pela humanidade, aterrorizada pelo sangue derramado e por inúmeros planos maquiavélicos. Todavia, poucos devem ser os que não ficam espantados com a ascensão meteórica de Bonaparte. Aliás, poucos devem ser os que não almejam atingir a grandiosidade de Bonaparte; poucos devem ser os que não gostariam de ter milhões de vidas nas mãos.
Ora, as minhas convicções impedem-me de idolatrar personagens como Bonaparte, assim como me impedem de fazer vénias a qualquer outro tirano. Porém, a verdade é que o vicio do poder é intrínseco ao ser humano. Até o mais desgraçado dos humanos sente fome de sangue, de poder. Raskólnikov é exemplo disso.

“(...) Não foi para ajudar a minha mãe que matei, isso é um disparate! Não matei para, obtendo dinheiro e poder, me tornar benfeitor da humanidade. Disparate! Matei, simplesmente, matei por mim, só por mim: depois, tornar-me benfeitor de alguém, ou então apanhar toda a gente na teia durante toda a vida, como uma aranha, e sugar sucos vivos, era-me indiferente nesse momento!...”

- Fiódor Dostoiévsky, Crime e Castigo

[Paulo Ferreira]