segunda-feira, setembro 27, 2004

Mariola

Oito da manhã. A cidade ainda dorme. Sento-me num banco de jardim. Avista-se um homem ao longe. «Conheço aquele bigode de algum lado!», desabafo letargicamente. À medida que o homem se vai aproximando, o meu olho ruvinhoso vai dando sinais de impaciência. Parece-me Hitler, embora com roupas e penteado diferente. Parece-me ele, mesmo depois de avistar um fio de ouro e um coração no ombro. Parece-me ele, já sem aqueles tremeliques.
Porém, não era ele. Era outro. Um mariola português, de bigode assassino.

[Paulo Ferreira]