A Remodelação de Gomes da Silva
Soube-se hoje que o “Presidente da República forçou a remodelação de Gomes da Silva”. Ora, a meu ver, isto é uma excelente acção política mas uma péssima acção democrática.
Atendamos. Este acto de remodelação não passa de pura camuflagem perante tudo o que se passou relativamente à “crise” na comunicação social portuguesa.
Das duas uma. A ser verdade que Gomes da Silva terá influenciado de alguma forma a crise gerada pela saída do Prof. Marcelo Rebelo de Sousa da TVI, então, este homem deveria ser demitido, ponto final. Por outro lado, se fosse na convicção do Presidente da Republica e do Primeiro-ministro, que a sua actuação parlamentar (vergonhosa aliás) em nada teria afectado o que se passou na TVI, então o homem não deveria ser tocado do seu cargo. Poderia-se dar um puxão de orelhas ou uma chapada na cara para ele tomar tento, mas nada mais.
Assim, sendo que o Presidente da Republica tem suspeitas relativamente ao sucedido, Sampaio está a cooperar para mascarar todo o processo, numa tentativa de mudar dali o homem para ver se o pessoal esquece.
O problema é que provavelmente vai esquecer.
PS - 1: Sampaio actualmente é um presidente sem poderes. Nada pode fazer relativamente a este processo excepto pedir um jeitinho ao Primeiro-ministro, com o risco de, se pedindo a demissão de Gomes da Silva e Santana Lopes a negar, se entrar numa crise institucional, o que poderia originar uma dissolução parlamentar.
Actualmente, Sampaio nada pode fazer excepto chumbar projectos de lei. Isto não é um Presidente. É um carimbo. “Chumbado!”
PS – 2: Segundo consta, Santana teria ficado insatisfeito com o próprio Gomes da Silva relativamente a todo este processo, mas o máximo que fez foi mudar-lhe o quarto.
É este o problema quando se tem “Boys” na política. Temos que ser atenciosos e não responsabilizar os actos de outrem, para não ferir o orgulho. Ainda que esse alguém seja um idiota que deve ser responsabilizado. O Primeiro-ministro esquece que a sua principal responsabilidade é para com o povo português (apesar de nunca ter sido eleito para o cargo), e que os amigos devem vir depois.
[Tiago Baltazar]
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