Contra a unanimidade burra
Em 24 de Junho de 1968, Nelson Rodrigues escrevia, assim, no jornal O Globo:
«Apanho o jornal e vejo o telegrama: - Hollywood declara guerra à violência. São atores, atrizes, diretores, roteiristas. É uma unanimidade, mais uma unanimidade. Assim somos nós, todos nós. O nosso gesto, o nosso ódio e o nosso grito - já não precisam nascer na solidão. O homem quer ser irresponsável. Na hora do protesto, da ira, todos providenciam uma urgente unanimidade. Ninguém está só. Matamos e morremos em grupos, em hordas, em maiorias, em assembléias, em comícios.»
É que já cansa ver políticos dizer que «os Portugueses querem», que os «Portugueses escolheram» e que «os Portugueses sabem». O pior é quando Francisco Louçã e restante horda dizem que «os Portugueses já escolheram», e que «os Portugueses manifestaram a sua rejeição à aventura imperialista e belicista do cowboy Bush». Graças às frases de Louçã, Freitas e outros, tenho, hoje, vergonha de me afirmar português a pessoas de outros países.
Pois este blog reafirma o seu empenhamento na sua luta contra a unanimidade burra, dentro de partidos, países, governos, grémios ou mesas de café.
[João Silva]
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