O problema do silêncio
Costuma-se dizer que o grande problema urbano é a solidão (dos idosos, dos jovens incompreendidos, dos mendigos, entre outros). Discordo. A solidão pode não ser interpretada como uma questão que se propõe para ser resolvida. Pode até nem ser uma causa directa de infelicidade.Geralmente, quando alguém quer falar sobre solidão, tende a procurar razões para a explicar. No entanto, essas explicações não passam, na maior parte das vezes, de bacoquices.
Pensa-se que, quem se encontra indefinidamente desencontrado com o mundo exterior, precisa de um remédio para combater o torpor e a inércia. Pensa-se que é com sons fervilhantes e festas cheias de sentimentos bonitos que o «doente» se sente mais acompanhado.Porém, não se ousa pensar que a solidão só causa sofrimento e infelicidade porque não é acompanhada de silêncio. Não se ousa sonhar com a possibilidade de a solidão não ser trágica.É por não compreender que a «cura» para a solidão pode ser feita através de fortes doses de silêncio que a unanimidade continua afundada no seu estridente progressismo.
[Paulo Ferreira]
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