quarta-feira, março 16, 2005

A sátira ateísta

Desde criança, sempre me foi difícil fugir à religião. A sua existência, e impacto, no meio em que, inevitavelmente (como português), me encontro inserido, é inegável. Por isso, esconder-me debaixo da almofada não apaga a «culpa». A «culpa» está lá para todos nós. E Ele sabe.
Mas a questão não está em «acreditar» ou não no que há «depois» (ou «antes») de nós. Não está em «saber» o que há ou não há. Há coisas para as quais é irracional ser racional. E acaba por ser ridículo franzir a testa numa profunda reflexão, tentando descobrir o âmago da questão. Não há Verdade, não há paradigmas inalienáveis como em Ciência.

Mas a verdadeira sátira é interpretada pelas pessoas que acreditam que, tal como uma entidade que renegam, estão «acima» do que é irracional. Aquelas que «não sentem culpa». Aquelas que «estão bem consigo próprias». Diria, até, as mesmas que afirmam ser «frontais», serem «elas mesmas».
Resumindo, aqueles que (e benvindos sejam à mortalidade) não se interessam por Deus, pois «sabem» que não existe, sem conseguir compreender que a verdadeira questão não está em saber que ele existe, mas na Fé que cada um tem. Enfim, todas as pessoas que prescindem do Senhor como de um namorado possessivo: «Ele em mim não manda nada!».

[João Silva]