A paixoneta de Sartre
Assinalando o centenário do nascimento de Sartre e Aron, muitos cronistas têm contraposto as posições políticas (mais do que «ideológicas») de cada um. Mas o maior conflito poderá nem estar num «território» tão amplo. Na verdade, o maior conflito que vejo, e sempre me fez pensar, é a viagem de Jean-Paul Sartre dos escritos «sofridos» e existencialistas para o elogio do Estalinismo.
Talvez um dos grandes mistérios autorais do séc. XX seja o caminho que liga um pensamento egocentrista, com ênfase no «eu» e nas «liberdades» humanas, a uma horrível paixoneta por todo um sistema, todo um mundo, que, sob Estaline, deu a machadada final em tudo o que era o Homem.
[João Silva]
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