Capital Nacional da Cultura
Ontem, inaugurou-se a Faro Capital da Cultura. O Estado incha de orgulho. Os algarvios demonstram vontade de conhecer, em doze meses, aquilo que desconhecem há séculos. Com sorte, daqui a vinte anos, Portugal será um autêntico oásis cultural. Nada mau.
Porém, não nos esqueçamos que, em Portugal, o conceito de Cultura tem significado apenas para alguns milhares de pessoas. O resto da população portuguesa (cerca de noventa por cento) não faz a mínima ideia do que seja a Cultura . No máximo, andamos aqui todos contentes por surgirem, anualmente, eventos que vão dignificando a bandeira portuguesa. Mas, para isso, já tivemos o Europeu, em que o Estado conseguiu criar dez capitais da cultura de uma só vez. De qualquer forma, é quase ridículo pensar-se que é com a criação de múltiplos eventos, tais como exposições fotográficas, concertos, entre outras coisas, que Portugal encontrar-se-á definitivamente com a Cultura. Afinal de contas, por muito dinheiro que a «coisa pública» gaste neste tipo de iniciativas, Portugal será sempre um país civilizacionalmente atrasado e ignorante, habitado por indivíduos que, para respirarem, precisam do Estado.
[Paulo Ferreira]
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