Contemplação II
Quando o vento dava leves empurrões na porta, os anos de solidão que separavam o nosso silêncio cego e cúmplice daquele baque sem dono carregavam o quarto de uma atmoesfera de castigo iminente.
Empurrando-me de súbito, tapavas com o lençol um corpo que dissolvia sonhos ao fim da tarde. Poder-se-ia dizer que, ao puxares esse lençol, tomavas sobre ti toda a culpa do mundo.
[João Silva]
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