sexta-feira, setembro 23, 2005

Contemplação II

Quando o vento dava leves empurrões na porta, os anos de solidão que separavam o nosso silêncio cego e cúmplice daquele baque sem dono carregavam o quarto de uma atmoesfera de castigo iminente.
Empurrando-me de súbito, tapavas com o lençol um corpo que dissolvia sonhos ao fim da tarde. Poder-se-ia dizer que, ao puxares esse lençol, tomavas sobre ti toda a culpa do mundo.

[João Silva]