Jorge Coelho e a voz insubmersível
O Paulo considera Jorge Coelho como sendo o grande derrotado destas eleições. De certa forma, e porque entendo o que o Paulo quer dizer com o seu post, tem razão. Mas há dois pontos curiosos acerca de Jorge Coelho que não me parecem tão consensuais.
Primeiro, Jorge Coelho não me parece ter assim tanta influência sobre José Sócrates. Jorge Coelho é daqueles homens de partido de quem se pode dizer que tem uma acção mais «centrífuga», ou seja, uma influência sobre as bases do partido e sobre a população em geral, muito através da televisão, dos jornais e de outros meios de comunicação (a sua arma mais bem aproveitada). A partir daí, depende da noção que cada um tem de influência. Se se pode considerar como «influência» directa e imediata sobre o primeiro-ministro a possibilidade de se candidatar isoladamente e com sucesso ou de «manipular» (termo sem malícia, confesso) certos núcleos locais ou nacionais, então a asserção do Paulo está correcta.
Segundo, o Paulo refere Jorge Coelho como um grande derrotado. Concordo. Ou, pelo menos, concordei. Mas isso antes de pensar: Jorge Coelho já dá a cara por derrotas há algum tempo. Como coordenador desta campanha autárquica do PS, deu a cara por mais uma. Aliás, uma derrota global que todos sabiam muito provável. E Jorge Coelho também. Mas a sua tarefa não era ter fé em recuperar certas câmaras. Tudo na sua pose, e na sua personalidade, indicava que não estava ali à espera de ganhar. Jorge Coelho é um eterno «sacrificável», mas, curiosamente, é o que sai sempre quase ileso destes «pequenas batalhas» políticas. Coelho sabe dar a volta às derrotas, em comebacks épicos pessoais. Como «cara» do PS, isso poderá ser hoje, subtilmente, o único ponto a favor do seu partido.
[João Silva]
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