Natureza morta com megafones
Santana tem alguns defeitos: ambição descontrolada; desejo de perdurar na memória; desejo de ser «aceite» pelos portugueses; ânsia de saber o que pensam os outros; auto-confiança por vezes excessiva. Tudo isto num ponto de vista político. Nada mais. Não se pode criticar o homem. Não se pode exigir uma limpidez de vida a todos os políticos. O que fazem depois do horário de expediente é da responsabilidade pessoal (até certo ponto, obviamente). Incluindo aparecer, ou não, em revistas populares.
O que as pessoas (que lêem as tais revistas) não percebem é isto: Santana dá entrevistas para estar «mais perto» delas. Para que elas o conheçam pelas suas próprias palavras e não pelo boato. É um tipo de populismo que não é novo. É nas revistas que uma grande parte dos portugueses conhece Santana Lopes. Isso é um facto. Mas não pode ser premissa para a crítica.
Pois, no momento em que vos falo, já circula o sms das «manifs». Essas «manifs espontâneas» em que meia dúzia de sindicalistas, verdes ou «jotas» levam um rebanho a passear nas verdes encostas perto do Marquês ou do Rato. «Liderando» dezenas de populares que, estranhamente, tiveram folga dos seus generosos patrões. Populares que conhecem Santana Lopes das revistas. Ou seja, leêm um pouco mais e conhecem-no um pouco mais que os senhores dos megafones.
[João Silva]
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