A vitória jacobina
A decisão de Durão Barroso de adiar a votação da sua equipa é, no mínimo, lamentável. Não só por ter cedido às ameaças do mundo eurocrata, mas também por não ter tido coragem de sujeitar a equipa, por si escolhida, a votação. Durão revelou falta de carácter e, de igual modo, uma vontade imensa de agradar a todo o mundo jacobino, mundo esse que repudia tudo o que vá para além do seu entendimento.
Como se sabe, a principal causa de discórdia é Rocco Buttiglione, um filósofo conhecido pelas suas convicções catolicistas, que não representa nenhuma ameaça às liberdades cívicas do povo europeu. Mas que o italiano não representa perigo algum, todos o sabem. Nem é isso que está em causa. O que está em causa é o facto de Buttiglione ser católico (sem aspas, como referia ontem o meu amigo Bruno Alves); é o facto de Buttiglione ser indiferente aos ideais progressistas, ideais esses que permitem que um indivíduo seja, simultaneamente, católico, homossexual e, quem sabe, muçulmano. Enfim, puro jacobinismo.
[Paulo Ferreira]
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